segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Nova vacina promete combater efeitos da cocaína

Parece que uma das drogas mais conhecidas e perigosas, a cocaína, ganhou um forte inimigo: uma vacina desenvolvida por cientistas americanos promete combater os efeitos da substância - inclusive o prazer buscado por dependentes químicos.
Ronald G. Crystal - professor de medicina genética da Faculdade Médica Weill Cornell e um dos autores do estudo - afirma que a vacina faz com que o organismo fabrique anticorpos contra as moléculas de cocaína. Então, a droga é bloqueada antes que chegue ao cérebro, o que impede a sensação de prazer.
Os resultados animadores só puderam ser alcançados graças ao princípio usado para criar a vacina, que é basicamente o mesmo em qualquer caso. Dessa vez, os cientistas combinaram o vírus da gripe a uma substância que imita a cocaína. Então, nosso corpo passa a ver tanto o vírus quanto a cocaína como inimigos que devem ser neutralizados. Assim, são produzidos anticorpos para combater os alvos, e, da próxima vez que a droga entrar no organismo, será combatida.
"Isso é necessário porque a cocaína não é, naturalmente, identificada como um antígeno (elemento que pode fazer mal ao organismo). Portanto, nosso sistema imunológico não está preparado para neutralizá-la", explica o biomédico Rafael Padovani, diretor do laboratório Rocha Lima e presidente da Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM).
Por enquanto, o método foi testado somente em ratos. Mas, devido ao sucesso das tentativas, os testes em humanos já foram liberados pelo governo americano, o que indica que estão em fase final.
Se a vacina tiver nos humanos os mesmos efeitos que teve nos animais, pode causar uma revolução nos tratamentos contra a cocaína. "No entanto, é preciso lembrar que a dependência dos usuários de drogas é física e psicológica. Então, é provável que o acompanhamento médico continue sendo necessário para um tratamento eficaz", afirma Rafael.
Ainda assim, a descoberta é animadora. Para o biomédico, "caso esse método seja bem-sucedido, o mesmo princípio poderá ser usado para a fabricação de vacinas contra as demais drogas, inclusive."
Agora, resta a todos esperar pelos resultados dos testes em humanos. E torcer para que e haja uma nova esperança de vida para dependentes químicos e seus familiares.

Por Priscilla Nery (MBPress)
Reprodução: Vila Mulher

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