RUÍDO EM CONSULTÓRIOS
ODONTOLÓGICOS PODE CAUSAR PERDA AUDITIVA?
A perda auditiva induzida por ruído (PAIR) é uma perda auditiva neurossensorial, predominantemente coclear, de característica irreversível. Esta doença ocorre devido a uma história prolongada de exposição ao ruído de alta intensidade e tem evolução gradual e progressiva. A perda auditiva ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea e inicia-se em frequências altas, geralmente em 4000 Hz. Cessada a exposição ao ruído, a perda auditiva tende a se estabilizar.
A
PAIR atinge inicialmente frequências agudas, sendo que as primeiras
dificuldades surgidas são de ouvir campainhas e toques de telefone.
Posteriormente, com o avanço da doença, surgem às dificuldades em todas as
frequências, por isso o diagnóstico muitas vezes é tardio.
Esta
é a doença ocupacional de maior incidência e a maior causa evitável de perda
auditiva no mundo, segundo LOPES FILHO e CAMPOS. Os controles auditivos
periódicos de indivíduos expostos, bem como os níveis de intensidade sonora
permitidos por 8 horas de exposição diárias ao ruído são no máximo de 85 decibéis.
Os
odontologistas são profissionais da saúde expostos a diversos ruídos em seus
consultórios, produzidos e emitidos por canetas de alta e baixa rotação,
sugador, compressor, cuspideira, peça reta, fotopolimerizador, autoclave e ar
condicionado, contudo são as primeiras às consideradas como tendo maior
potencial lesivo à orelha humana. Em virtude disso, diferentes estudos têm
analisado a relação entre a intensidade dos ruídos no consultório odontológico,
a carga horária do profissional, o tempo de atividade profissional e a perda
auditiva nesses profissionais. O que se constata na maioria deles é que, mesmo
expostos a níveis de intensidade sonora menores que 85 decibéis, mas com tempo
de exercício de profissão superior a cinco anos, apresentam perdas auditivas.
Para
prevenir o desencadeamento ou agravamento da perda auditiva ocupacional, deve
ser realizado um controle audiológico anual através de no mínimo uma
audiometria.
Após
estudos, verificou-se que apesar da exposição contínua aos ruídos do
consultório odontológico, foi constatado que esses níveis de ruído ainda ficam
abaixo dos níveis considerados prejudiciais à saúde humana. Mesmo assim, seria
melhor para estes profissionais que pelo menos o barulho do alta rotação fosse
eliminado, pois além do ruído extremamente desagradável, ainda há o fator medo
provocado nos pacientes em virtude deste ruído. Ainda bem que há pesquisas
muito promissoras com relação à substituição parcial ou total do alta rotação,
por meio da utilização de outras técnicas de remoção de cárie, como por exemplo
o uso do laser, que tem se mostrado muito útil em várias outras utilizações na
odontologia, como nos tratamentos de
canal, cirurgias, tratamento da hipersensibilidade dentinária, etc. Com o
avanço da tecnologia, podemos aguardar boas novidades para diminuição do ruído
dos aparelhos odontológicos, assim como já vem ocorrendo com os aparelhos de
uso doméstico, hoje bem menos ruidosos do que eram há alguns anos atrás.
Para
a realização deste texto foi realizada consulta ao trabalho abaixo citado:
Ar
Lourenço EA, Berto JMR, Duarte SB, Greco JPM. Ruído em Consultórios
Odontológicos pode Produzir Perda Auditiva? Arq. Int.
Otorrinolaringol. 2011;15(1):84-88. Ano:
2011 Vol. 15 Num. 1 - Jan/Mar
- (13º)
EEFMT Professora Maria Theodora Pedreira de Freitas
Dra.
Maria Lucia Bertolozzi (CRO: 36134)
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