sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Nossas Matérias


Dr. Drauzio Varella faz entrevista a respeito da doação de sangue


Ninguém está livre de precisar de uma transfusão de sangue, sofrer um acidente, de passar por uma cirurgia ou por um procedimento médico em que a transfusão seja indispensável.
Como não existe sangue sintético produzido em laboratórios, quem precisa de transfusão tem de contar com a boa vontade de doadores, sendo que nada substitui o sangue retirado das veias de outro ser humano.
Todos sabem que é importante doar sangue. Mas, quando chega a nossa vez, sempre encontramos uma desculpa – Hoje está frio ou não estou disposto; nesses últimos dias tenho trabalhado muito e ando cansado; será que esse sangue não me vai fazer falta… – e vamos adiando a doação que poderia salvar a vida de uma pessoa.
É importante frisar que o sangue doado não faz a menor falta para o doador. Conseqüentemente, nada justifica que as pessoas deixem de doá-lo. O processo é simples, rápido e seguro.

Componentes do sangue

DrauzioQuais são os elementos do sangue que dão frações úteis para os bancos de sangue?

M. Angélica Soares – Uma das coisas mais importantes que aconteceram nos últimos anos desde o advento da bolsa plástica de coleta de sangue (antigamente o sangue era coletado em frascos de vidro), foi à possibilidade de dividir o sangue em porções de acordo com a finalidade a que se destinam.
Primeiro, separa-se o concentrado de hemácias, ou seja, o concentrado de glóbulos vermelhos, entre todos os componentes mais conhecidos e que é utilizado em pessoas com anemia, que sofreram acidentes ou passaram por cirurgias.
Depois, retira-se o concentrado de plaquetas, componente fundamental no tratamento de câncer, nas quimioterapias e nos transplantes, principalmente no transplante de medula óssea.
O terceiro componente é o plasma. Embora menos utilizado atualmente, ele é fundamental para alguns problemas de coagulação. O quarto é o crioprecipitado, menos utilizado ainda, porque hoje contamos com a possibilidade de fabricar fatores específicos para hemofílicos e pessoas com alterações graves de coagulação.
Portanto, numa única doação de sangue podemos obter quatro componentes diferentes que são utilizados em quatro situações clínicas importantes, cada um deles com uma característica própria de armazenamento e duração.

DrauzioDo ponto de vista laboratorial, como são separados esses quatro componentes?

M. Angélica Soares – A pessoa doa 400 ml, 450 ml, um pouco menos de meio litro de sangue. A bolsa vai para o laboratório onde passa por um processo de centrifugação, ou seja, é colocada numa centrífuga semelhante às que existem em casa. À medida que o aparelho gira, as partículas mais pesadas do sangue, isto é, os glóbulos vermelhos, depositam-se no fundo, e o componente líquido mais leve, ou plasma, fica sobrenadante na parte superior. Imagine um copo de suco muito grosso em que as partículas mais pesadas se depositam no fundo e o líquido ocupa a parte superior. É mais ou menos isso o que acontece com o sangue doado.
A seguir, o concentrado de hemácias é guardado na geladeira e o plasma submetido à nova centrifugação para separar as plaquetas que vão parar no fundo da bolsa. Esse plasma pode ser ainda congelado a fim de obter o quarto elemento, o crioprecipitado.
É importante explicar que essas bolsas são ligadas umas às outras, o que facilita a separação dos componentes. Em algumas situações, porém, o sangue não é fracionado, é mantido como sangue total.

DrauzioQuanto tempo leva esse processo?

M. Angélica Soares – São necessárias em média seis horas para fazer esse processamento inicial. No dia seguinte, depois de prontos todos os testes, o componente fracionado estará sendo transfundido para o receptor. Para ter uma idéia, as plaquetas duram apenas cinco dias e acabam depressa nos bancos de sangue.

DrauzioQuanto tempo dura as hemácias?

M.Angélica Soares – Trinta e cinco ou quarenta e dois dias, dependendo da bolsa utilizada, que precisa ter características especiais para a conservação dos componentes, principalmente das hemácias. No Brasil, a maioria dos bancos de sangue utiliza bolsas que duram 35 dias.

Drauzio No passado, todas as transfusões eram feitas com sangue total, o que era um enorme desperdício.

M. Angélica Soares – E não era só por isso. Os frascos eram de vidro, caíam, quebravam e perdia-se todo o sangue. Hoje, ele fica armazenado em bolsas plásticas dentro de geladeiras especiais, com controle constante de temperatura. Nos últimos anos, a vigilância tem ficado cada vez mais severa, o que é bom para garantir a qualidade dos componentes sangüíneos que serão transfundidos.

**Dra. Maria Angélica Soares é médica, coordenadora do Hemocentro do Hospital São Paulo da UNIFESP, Universidade Federal do Estado de São Paulo. Em outubro 28, 2009


Equipe de Psicopedagogia da EEFMT Professora Maria Theodora Pedreira de Freitas
Eliane Bisan Alves
Marly Hiromi Sportore

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