Hipertensão pulmonar
O que é?
Hipertensão pulmonar é a denominação dada a um conjunto de
alterações que dificultam a passagem do sangue pelas artérias e veias
pulmonares. Esse processo pode sobrecarregar o coração e causar cansaço e
desmaios. Em casos muito graves, pode haver necessidade de internação e de
transplante pulmonar.
Mecanismos da doença:
A oxigenação do sangue e a eliminação de gás carbônico (CO2)
ocorrem nos pulmões. Esse processo chama-se troca gasosa. Ao contrário do que
intuitivamente se pensa, nos pulmões não há somente ar; quase metade de todo o
nosso sangue está lá. Quando as células musculares do corpo precisam de mais
oxigênio, o coração bate mais rápido para que a troca gasosa ocorra de acordo
com a necessidade do organismo.
A pressão sanguínea normal nos vasos pulmonares é relativamente
baixa se comparada com aquela que o médico mede no braço do paciente, a pressão
arterial sistêmica, porque esses vasos precisam ter a capacidade de acomodar
grandes quantidades de sangue, quando há uma necessidade maior de oxigenação.
Se eles fossem duros e incapazes de receber quantidades variáveis de sangue,
não conseguiríamos aumentar a troca gasosa e o resultado seria o mesmo que
abrir uma torneira muito grande, de onde saísse muita água, numa pia com ralo
muito pequeno: a água não teria como escoar e iria acumular-se na pia.
Portanto, os vasos sanguíneos pulmonares funcionam como um ralo que regula seu
diâmetro conforme a variação da quantidade de sangue, ou seja, de água que
chega, para que a pia nunca corra o risco de transbordar.
Na hipertensão pulmonar, ao contrário, o sangue não consegue
fluir bem pelos pulmões e se acumula, sobrecarregando o coração que tem de
fazer cada vez mais força para impulsioná-lo adiante.
Existem vários mecanismos celulares e moleculares que causam a
hipertensão pulmonar. Eles não estão sempre presentes em todas as pessoas. Nos
portadores de doenças autoimunes, como a esclerodermia, HIV, esquistossomose,
anemia falciforme, entre outras, o risco de desenvolvê-la é maior. Em algumas
pessoas, porém, não se consegue identificar a causa da doença, o que
caracteriza o diagnóstico de hipertensão arterial pulmonar idiopática.
Sintomas e diagnóstico:
Geralmente, a pessoa apresenta cansaço progressivo, que piora
com o tempo e com esforços cada vez menores, e falta de ar. Podem também
ocorrer desmaios. É comum o paciente relatar que um ano atrás se cansava
para andar cinco quarteirões e agora se cansa para subir dez degraus ou para
tomar banho.
Não é fácil estabelecer o diagnóstico da hipertensão pulmonar.
Muitas vezes, ele é feito, quando o médico está investigando a causa de
sintomas como cansaço inexplicável ou falta de ar.
A hipertensão pulmonar pode produzir alterações na radiografia
de tórax, no eletrocardiograma e nos exames de sangue. Entretanto, grande parte
dos diagnósticos surge da alteração presente no ecocardiograma. Quando a
pressão estimada é maior do que 35 mmHg, em geral, se faz uma
investigação mais aprofundada,
que pode exigir o exame de cateterismo da artéria pulmonar .
Tratamento:
Muitas situações clínicas podem fazer com que a pressão do
sangue dentro dos pulmões esteja aumentada. Felizmente, nem toda elevação da
pressão significa uma doença grave e, muitas vezes, não é necessário tomar
remédios específicos para revertê-la. Entretanto, há situações que exigem
a indicação de anticoagulantes, diuréticos, vasodilatadores e de medicamentos
que ajudem o coração a trabalhar melhor. Em casos extremos, que não respondem
ao tratamento clínico, pode ser necessário realizar um transplante de pulmão.
Prevenção:
Infelizmente, não existe indicação específica para prevenir o
aparecimento da hipertensão pulmonar. Como regra geral, recomenda-se não fumar,
evitar a obesidade e manter-se ativo. No passado, alguns anorexígenos (remédios
para emagrecer) como a fenfluramina e a dexfenfluramina estavam associados à
maior incidência de hipertensão pulmonar, mas esses remédios já foram banidos
do mercado. Portadores de doenças crônicas, especialmente as autoimunes,
pulmonares, cardíacas, renais e hepáticas devem conversar com seus médicos a
respeito da possibilidade de desenvolverem hipertensão pulmonar.
Atenção: lembre que o fato de um ecocardiograma sugerir a
presença de hipertensão pulmonar não é suficiente para definir esse diagnóstico.
Converse com seu médico antes de imaginar que tem uma doença grave ou
complicada.
Dr. Carlos Jardim, pneumologista, professor colaborador, médico
assistente doutor, responsável pelo Ambulatório de Hipertensão Pulmonar do
Incor do HCFMUSP. Coautor da coleção “Guia Prático de Saúde e Bem-Estar”
(editora Gold), faz parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês de São
Paulo (SP).
Equipe de
Enfermagem EEFMT Professora Dagmar Ribas Trindade
Patrícia Martins de Mendonça
(COREN: 021774)
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